O caso que envolve o desaparecimento e a morte brutal de Fernanda Siqueira, 26 anos, e Lenon Siqueira, 35, ganhou novos desdobramentos nesta segunda-feira (17) e terça-feira (18), após o principal suspeito, Adelmo da Silva dos Santos, o “Delminho Mecânico”, de 20 anos, se apresentar à 71ª DP (Itaboraí) e, horas depois, a polícia localizar dois corpos carbonizados e esquartejados próximos à residência do investigado.
Adelmo, que tinha um mandado de prisão temporária expedido pelo Tribunal de Justiça do Rio, era considerado foragido desde domingo. Ele se apresentou de forma espontânea na delegacia e deve ser encaminhado à carceragem da Polícia Civil após prestar depoimento. Investigadores da 119ª DP (Rio Bonito) e da 70ª DP (Tanguá) acompanham o caso e ajustam os próximos passos da investigação.

Corpos encontrados a 400 metros da casa do suspeito
Na tarde desta terça-feira (18), equipes policiais localizaram dois corpos em uma área de difícil acesso no Muriqui, em Itaboraí, cerca de 400 metros da casa onde Adelmo morava com os pais — o mesmo local onde o casal teria se encontrado com ele para renegociar uma troca de veículos.
Os corpos estavam carbonizados, mutilados e enterrados parcialmente, exigindo o uso de uma retroescavadeira para remoção. Embora ainda não tenham sido oficialmente identificados, as vestes de um dos corpos são compatíveis com as roupas usadas por Fernanda no dia do desaparecimento.
Segundo o delegado Renato Mascarenhas, titular da 119ª DP, o estado dos restos mortais indica extrema violência.
“Tudo converge para ser o corpo de Fernanda. Já o segundo corpo está em condições ainda piores de identificação. Ambos foram queimados e esquartejados”, afirmou.
Para a polícia, a autoria está praticamente esclarecida:
“Foi ele. O duplo homicídio foi motivado por uma desavença comercial. O indiciamento já foi feito e a prisão temporária foi decretada”, completou Mascarenhas.

Negociação mal resolvida teria motivado o crime
Há seis meses, Fernanda e Lenon haviam trocado um carro por uma moto com Adelmo, mas ele não teria pago a diferença combinada. No domingo (16), o casal saiu de casa, em Rio Bonito, para resolver a pendência em Tanguá. Desde então, não deram mais notícias.
Um irmão de Lenon chegou a falar com o suspeito no mesmo dia. Adelmo alegou que o casal teria ido almoçar com familiares — o que nunca aconteceu. As contradições reforçaram as suspeitas contra ele.
Familiares relatam que Adelmo chegou a ser levado algemado para a delegacia após admitir informalmente o crime, mas foi liberado quando um advogado chegou ao local. Pouco depois, desapareceu da região.
Família se desespera por justiça
Parentes de Fernanda e Lenon passaram os últimos dias em buscas pela Estrada da Posse e arredores da propriedade do suspeito. Em vídeos publicados nas redes sociais, pediram ajuda de moradores para localizar os corpos.
“Há um mês eles estavam no casamento da minha filha. Hoje estou implorando por respostas”, disse Alexandra Oliveira, prima de Lenon.
Outro familiar desabafou sobre a sensação de impunidade:
“Até quando vamos viver em um país onde o certo virou errado? Queremos justiça. Não podemos deixar isso cair no esquecimento.”
Emocionados, parentes também destacaram que o casal era trabalhador, recém-estabelecido e planejando o futuro.
“Eles estavam construindo a vida juntos. Venderam o carro para ajudar a pagar a casa. Não mereciam isso”, lamentou um deles.

Disque Denúncia faz apelo por informações
O Disque Denúncia reforçou o pedido para que qualquer informação sobre eventuais esconderijos, movimentações suspeitas ou apoio dado ao investigado seja comunicada anonimamente pelos canais oficiais.
Enquanto isso, a área onde os corpos foram encontrados permanece isolada, com equipes de perícia e apoio psicológico atuando no local. A Polícia Civil agora aguarda os exames do IML para confirmar a identidade das vítimas e concluir os detalhes da investigação, que abalou moradores de Tanguá, Rio Bonito e Itaboraí pela crueldade e frieza do crime.