A Polícia Civil está apurando o caso do terapeuta Patrick Cardoso Fonseca, de 26 anos, encontrado enforcado com uma corda no pescoço em um terreno baldio, ao lado de uma clínica de reabilitação em Itaboraí, no último dia (02). O jovem havia passado por um período de internação na Clínica Alpha Reabilitação e, de acordo com o laudo inicial, a polícia indicou a possibilidade de suicídio. Entretanto, a família de Patrick acredita que ele foi vítima de um homicídio, pois a morte teria ocorrido apenas dois dias após ele supostamente ter fugido da clínica. A instituição nega a fuga.
O terapeuta, filho único, retornou ao Brasil há cinco anos para viver com a avó, que veio a falecer três anos atrás. Com dificuldades pessoais, Patrick foi internado na Alpha para tratamento de drogas e álcool. Segundo a mãe do jovem, que mora na Inglaterra há mais de duas décadas, ele estava prestes a receber alta médica na semana seguinte, após ter passado um ano na clínica.

Os parentes do terapeuta afirmam que, durante todo o período de internação, não receberam informações detalhadas da clínica sobre o tratamento de Patrick. A mãe do jovem está profundamente abalada com a tragédia e busca respostas para o que considera ser uma morte sem sentido. Ela reivindica justiça e esclarecimentos sobre as circunstâncias da morte do filho.
Estou muito abalada com o que aconteceu. Estou em estado de choque, porque não faz sentido uma pessoa estar já saudável, com expectativa para sair, tudo certo para sair, com sonhos de trabalho e de repente aparece morto. Isso para mim, não faz sentido. Eu quero justiça e saber realmente o que aconteceu com o meu filho”, diz a mãe da vítima.
A perícia do local, realizada pela Polícia Civil, indicou asfixia por enforcamento como a causa da morte, mas destacou que investigações adicionais e o exame de necropsia são necessários para uma compreensão completa do ocorrido.
O advogado Jairo Magalhães, que representa a mãe de Patrick, acredita que o terapeuta foi vítima de um crime e questiona a responsabilidade da clínica nesse trágico episódio. Ele ressalta que o jovem estava prestes a sair da instituição e que sua morte suspeita levanta questões importantes.
“Ele estava internado na clínica e estava prestes a sair de lá. A mãe não estava no Brasil. Por faltar uma certa quantia de acertos em relação a pagamentos de cantina e mensalidades, ela [a mãe] pediu uns dias a mais para quitar os débitos e ele sair da clínica. Aí, ela foi surpreendida por uma ligação do responsável da clínica dizendo que o tinha sido encontrado morto dependurado em uma árvore” disse o advogado.
“Ela achou a história estranha e procurou o nosso escritório exatamente para que a polícia apurasse a questão da morte do Patrick. Aqui na delegacia, fontes da polícia informaram que o laudo do local, onde ele foi encontrado morto, laudo extremamente bem-feito, indica a possibilidade de um possível crime, tendo em vista da forma que ele foi encontrado. Ele foi encontrado com uma corda que tinha um mosquetão no pescoço. Isso claramente demonstra que não é um suicídio. A própria Polícia Civil levanta a suspeita que ele foi assassinado. Por isso que esperamos que seja apurado pela polícia”, salientou o advogado.
Em relação ao caso, a clínica Alpha Reabilitação Social LTDA alega que Patrick não fugiu, mas sim se “evadiu”, aguardando a mãe resolver questões financeiras para a sua saída. A direção da clínica afirma que tudo foi explicado para a família e nega qualquer envolvimento em um possível homicídio.

“O paciente evadiu, foi comunicado a família e posteriormente ele foi encontrado morto. Ele se enforcou. Ele não fugiu, ele se evadiu. O termo fugir é muito forte. Fugir a pessoa foge quando ela está presa. O paciente (Patrick) já estava de alta há muito tempo aguardando a mãe buscá-lo. Existe um processo família que envolve tudo isso. O paciente já estava de alta, aguardando a mãe liberar um dinheiro para levá-lo para um apartamento”.
Ainda de acordo com o responsável pela clínica, existia “toda uma questão família nesse processo”.
“Ao que parece, o paciente e a mãe tinham alguns problemas. Pelo que eu entendi, ele quis chamar a atenção da mãe e conseguiu. A família nunca veio aqui visitar o paciente. essa é a verdade”, informou.
A investigação está em andamento na 71ª DP (Itaboraí), mas até o momento, apenas dois policiais militares prestaram depoimentos como testemunhas. Ainda não foram ouvidos os familiares e funcionários da clínica.