A Paróquia São João Batista, uma das construções mais antigas de Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio, foi interditada pela Defesa Civil nesta terça-feira (21) após a constatação de riscos estruturais no telhado. O templo, localizado na Praça Marechal Floriano Peixoto, no Centro da cidade, foi erguido ainda no século XVII e é tombado como patrimônio histórico nacional.
A vistoria foi solicitada pelo pároco responsável, padre Rafael Costa de Oliveira, após o colapso parcial de parte das telhas da nave principal. Em nota, a Prefeitura de Itaboraí informou que a inspeção confirmou a necessidade de interdição preventiva do espaço e do perímetro ao redor da igreja.
“Durante a inspeção, realizada com apoio de uma grua e imagens aéreas de drone, foram identificadas precariedades na cobertura do templo, incluindo telhas escorregadas, elementos de sustentação comprometidos e ausência de laje estrutural sob o telhado. O laudo técnico apontou risco de colapso parcial da estrutura, motivo pelo qual foi determinada a interdição preventiva do espaço”, diz o comunicado.
Segundo o padre Rafael, que está há seis anos à frente da paróquia, a situação do telhado já era preocupante há alguns anos.
“Estamos sempre atentos à estrutura e já realizamos algumas intervenções, como troca de telhas, para manter a segurança dos fiéis. Mas na última vistoria foi constatado que o telhado entrou em colapso e que a laje não suportaria um destelhamento”, explicou o religioso em entrevista ao O Dia.
O pároco também afirmou que a obra de restauração já deveria ter começado. Segundo ele, uma empresa venceu a licitação em janeiro de 2024 para realizar os trabalhos, mas o serviço ainda não teve início.
“Já cobramos diversas vezes as autoridades e pedimos que, caso o Iphan não execute a obra, permita que possamos arrecadar recursos junto aos fiéis para fazer as melhorias”, disse.
Após a emissão do laudo, a paróquia comunicou imediatamente o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) sobre a gravidade da situação. O prédio, tombado em nível federal desde 1970, também é alvo de uma Ação Civil Pública movida pelo Ministério Público Federal, que busca garantir a restauração da igreja.
O secretário municipal de Defesa Civil, coronel Ricardo dos Santos Nunes, destacou que a vistoria foi essencial para evitar acidentes.
“A inspeção foi fundamental para proteger tanto os frequentadores quanto quem circula no entorno. Identificamos risco real de queda de telhas e comprometimento da estrutura. Adotamos todas as medidas necessárias e comunicamos o Iphan sobre a urgência das obras de recuperação”, afirmou.
Enquanto o templo principal permanecer interditado, as atividades litúrgicas e pastorais serão realizadas na matriz auxiliar, localizada na rua atrás da igreja. Segundo o padre Rafael, algumas missas já vinham sendo celebradas no local aos fins de semana, prevendo que uma interdição poderia ocorrer a qualquer momento.
História e importância da Paróquia São João Batista
A Paróquia São João Batista tem origem no antigo curato de Nossa Senhora da Conceição do Iguá, uma capela subordinada à Igreja da Candelária, no Rio de Janeiro, e transferida em 1679 para uma nova construção erguida por João Vaz Pereira.
Em 1696, o curato foi elevado à categoria de paróquia por ato régio de Dom Pedro II de Portugal. A atual igreja matriz começou a ser construída em 1725, com recursos da Fazenda Real e doações de moradores locais, entre eles Domingos Vaz Pereira e o capitão Manuel Antunes Ferreira.
Concluída em 1743, a edificação preserva retábulos barrocos no estilo nacional português e obras de arte de grande valor histórico, incluindo pinturas de José Leandro de Carvalho e quadros do italiano Domenico Zampieri, datados do século XIX.
Tombada pelo Iphan em 1970 e, posteriormente, também pela Prefeitura de Itaboraí em 2020, a paróquia é considerada um dos principais marcos religiosos e arquitetônicos da região, reunindo séculos de história, fé e identidade cultural para a população local.