O presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu entrar em cena diante do aumento das tensões entre Estados Unidos e Venezuela, provocadas por manobras militares norte-americanas no Caribe. Lula anunciou que viajará à Colômbia, nesta sexta-feira (7), para participar da cúpula entre a Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e a União Europeia, onde pretende articular uma manifestação de “solidariedade regional” ao governo de Nicolás Maduro.
De acordo com o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, o gesto do presidente tem como objetivo reforçar a ideia de que a América do Sul é uma região de paz e cooperação, afastando a possibilidade de escaladas militares. Vieira afirmou ainda que o posicionamento de Lula “não interfere” nas negociações comerciais em andamento com os Estados Unidos.
Apesar da justificativa diplomática, o movimento levanta questionamentos entre analistas políticos. A Venezuela, chefiada há mais de uma década por Nicolás Maduro, enfrenta sanções internacionais e é amplamente criticada por violações de direitos humanos e pela ausência de um sistema democrático transparente. Ao manifestar apoio ao regime, ainda que sob o pretexto de defesa da soberania regional, Lula pode acabar reforçando a imagem de condescendência com um governo autoritário.
A expectativa é de que, na Colômbia, Lula tente equilibrar o discurso entre a defesa da paz regional e a preservação das relações comerciais com Washington — uma equação delicada, especialmente quando o gesto de solidariedade se dirige a um país comunista governado por um ditador.