Uma criança de 7 anos foi mantida em refém por mais 16 horas, em Belo Horizonte, pelo ex-padrasto, na tarde de quarta-feira (21) e foi libertada na manhã desta quinta-feira (22) após o sequestrador ser baleado.
O menino, que tem autismo e sofre de epilepsia, ficou mantido como refém em sua casa com um jovem de 23 anos, amigo da família.
Leandro Mendes Pereira, de 39 anos, invadiu a casa da ex-companheira, que era sua prima, uma mulher de 25 anos, por volta das 18h, quando a criança voltava da escola na companhia do jovem amigo da família.
Quando chegou em casa, a mãe do menino também foi mantida como refém, mas conseguiu fugir.
A porta-voz da PM, a major Layla Brunnela, foi quem realizou as negociações com o acusado, que ficou muito resistente e não queria negociar depois que teve acesso ao celular da ex-mulher, mãe do menino.
“Ele teve acesso ao celular da ex-mulher e teve contato com mensagens e imagens que o deixaram com o ânimo exaltado. A partir dali, ele começa a interromper o processo de negociação e começa com uma ameaça direta à vida desse menor”, disse.
Pereira enfatizou que só liberaria os reféns quando a ex-esposa retornasse a casa.
“Ele está bem. Está deitado aqui, tomando iogurte. Eu só vou liberar quando ela chegar e se o pessoal não fizer gracinha”, disse, em áudio enviado ao pai da criança.
Pereira e a ex-mulher se relacionaram por seis anos, e haviam se separado a dois meses.
“Eu não tenho medo de homem nenhum. Se eu tiver que apanhar, morrer. Deixa eu falar para você. Eu estou aqui desde às 14h esperando ela. Eu já vim pronto para morrer, irmão. Eu estou com 39 anos. Os últimos seis anos foram gastos nesse casamento. Fazendo o que eu podia, da forma que eu podia, e mesmo assim não deu. Vacilou geral comigo. Eu estou transtornado”, disse em áudio enviado a parentes.
O sequestrador já havia sido condenado pelo homicídio de uma namorada, em 2008. A companheira dele na época, foi encontrada na cama asfixiada e com um rato dentro da boca, três anos depois, ele foi julgado e condenado a 13 anos de prisão. Pereira foi liberado da penitenciária após ter cumprido oito anos da pena.
A PM e militares do Bope (Batalhão de Operações Especiais) fecharam o quarteirão da rua Domingos Grosso para as negociações.
A major informou que ele foi atingido por um disparo e “eliminado”, por volta das 10h15 da manhã.
“Nós utilizamos o sniper. Ele foi eliminado. A gente lamenta muito, porque não é o desfecho de que gostaríamos, mas foi o desfecho possível para salvar a vida desses reféns”, informou, logo após o resgate.