Após o resultado das eleições de domingo (02) com o embate presidencial acirrado, com a diferença de apenas 5% dos votos, um dos principais assuntos comentados é a grande margem de erro nas pesquisas com intenções de voto, realizadas pelo DataFolha e Ipec.
De acordo com as pesquisas, Lula liderava a preferência do público e oscilava entre 50% e 54%. Já Bolsonaro, vinha em segundo lugar oscilando entre 36% e 39%, gerando em média, uma margem de 14 pontos de diferença entre Lula e Bolsonaro.
Todas as pesquisas realizadas principalmente pelo DataFolha, definiam a vitória disparada do petista no primeiro turno, porém as eleições realizadas no domingo (02) evidenciaram um quadro completamente diferente
Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná Pesquisas, falou sobre o assunto e apontou que os erros de alguns dos levantamentos regionais de outros institutos, como o Ipec e o Datafolha, já podiam ser percebidos durante a campanha eleitoral:
“Como nós fizemos em quase todos os estados da nação, várias vezes, a gente tinha muito claro os resultados regionais. Então ficava muito evidente para a gente quando os principais institutos estavam errando, principalmente no sul do Brasil. A gente alertou isso várias vezes. Era impossível Lula estar empatado ou estar ganhando no sul do Brasil. Paraná e Santa Catarina tem mais de 20% de diferença de voto. Como que eles davam resultados de empate ou vitória no Rio Grande do Sul? No Estado de São Paulo, a Paraná Pesquisas várias vezes divulgou, e o Bolsonaro chegou a ficar 6 pontos na frente”.
O especialista defendeu que institutos de pesquisa sejam mais responsabilizados por altos índices de erro e que uma maior regulamentação seja aplicada aos institutos de pesquisa:
“Diferentemente do que todos os meus concorrentes pensam, eu acho que tem que haver uma nova legislação com relação a isso. Eu acho que não pode ficar tão solto, como da maneira que está. Se a gente for ver, tem institutos que historicamente erram. Eles mais erram do que acertam. Passa eleição, vem eleição, e são os mais comentados novamente. Eu acho que tem que ter uma certa regulamentação de até onde vai isso. Não tem como negar, prejudica demais os candidatos. Tem candidatos hoje que estão dizendo que chegaram muito próximos e perderam as eleições porque as pesquisas de véspera mostraram eles muito atrás, e eles chegaram a 1 ou 2 pontos dos seus oponentes. O impacto das pesquisas divulgadas nos veículos de comunicação, não tem como negar, é muito forte. Sou a favor que haja uma legislação que regulamente mais os institutos de pesquisa do que como é hoje”.
“A pesquisa funciona como informação. Ela deveria ser uma peça de informação ao eleitor. Infelizmente, hoje, ela funciona como uma peça de marketing ou uma peça de indução. Essa é uma coisa que a própria mídia precisa discutir sobre a mudança da forma de divulgar as pesquisas. A pesquisa é uma informação, ela não pode ser uma peça publicitária”, afirmou. O diretor do Instituto Paraná Pesquisas.
Analisando o quadro a nível nacional, o especialista constatou que os números do 1° turno, aliado a outros fatores externos, sinalizam condições a favor de Lula e Bolsonaro, tornando ainda mais acirrado o embate no 2° turno.
“A favor de Jair Bolsonaro pode pesar a economia, as pessoas vão receber a terceira parcela do auxílio emergencial, e o próprio fato do Lula não ter ganho no primeiro turno. Toda uma expectativa se criou de que a eleição estava decidida. Eu acho que isso pode ajudar muito, principalmente se o Cláudio Castro e o Zema entrarem na campanha dele. O que pesa à favor do Lula? Ele está muito mais próximo da vitória do que Bolsonaro. Ele está a quatro pontos da vitória”. Concluiu Murilo Hidalgo.