O Carrefour, gigante do setor de supermercados, está no centro de uma grave crise diplomática entre Brasil e França após declarações do presidente global do grupo, Alexandre Bompard. O executivo questionou publicamente a qualidade da carne proveniente do Mercosul e anunciou o fim da compra desses produtos para as lojas da rede na França.
A repercussão foi imediata. No Brasil, o posicionamento gerou protestos contundentes de frigoríficos e empresários, culminando em um boicote à rede Carrefour no país. Grandes fornecedores como JBS e Masterboi anunciaram, na última semana, a suspensão da venda de carnes à empresa, incluindo frango e suínos. A medida também contou com o apoio do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, que incentivou a interrupção do fornecimento.
Pressionado, o Carrefour pretende pedir desculpas ao Brasil e aos frigoríficos nacionais. Uma carta oficial está sendo preparada para o ministro Fávaro, conforme divulgado por emissários da Embaixada da França em Brasília e da própria empresa. Durante uma reunião no Ministério da Agricultura com o embaixador francês, Emmanuel Lenain, representantes do Carrefour confirmaram que o documento incluirá uma retratação formal e destacará os 50 anos de história da empresa no Brasil.
Apesar disso, o governo brasileiro avalia que um simples pedido de desculpas não será suficiente para encerrar a crise. A expectativa é de que a carta reforce a qualidade da carne brasileira e demonstre um compromisso concreto da rede com o mercado nacional.
A crise teve início quando Bompard decidiu suspender a compra de carne do Mercosul como forma de pressão contra o acordo comercial entre o bloco sul-americano e a União Europeia. O posicionamento gerou revolta entre frigoríficos e empresários brasileiros, que passaram a defender um boicote às unidades do Carrefour no país.
Na última segunda-feira (25), a mobilização ganhou ainda mais força, com novos setores se unindo ao movimento. Enquanto a carta de retratação do Carrefour deve ser entregue nos próximos dias, o Brasil aguarda ações concretas para reparar os danos causados ao setor de carnes e à imagem do país.