Desde o dia 13 de março, passageiros e comerciantes que circulam pelo Terminal Rodoviário João Goulart, no Centro de Niterói, enfrentam dificuldades devido à interdição do corredor de acesso ao Shopping Bay Market. A medida, solicitada pela Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura da Prefeitura, visa à realização de obras de revitalização na Avenida Visconde do Rio Branco. No entanto, passadas duas semanas, o trecho interditado ainda não recebeu qualquer intervenção, afetando diretamente os lojistas da região.
Enquanto para os passageiros a interdição significa um desvio na rota de saída do terminal, para os comerciantes a situação se tornou crítica. Segundo relatos, a queda no movimento gerou prejuízos expressivos, com redução de até 80% nas vendas. Pelo menos dois estabelecimentos já fecharam as portas, e outros tiveram que demitir funcionários. A empreendedora Simone Souza, de 38 anos, conta que sua loja de acessórios para eletrônicos foi duramente impactada, levando à demissão de toda sua equipe.
“Se antes vendíamos cerca de R$ 2.000 entre 7h e 14h, agora não chegamos nem a R$ 200 no mesmo período. Eu e meu companheiro estamos lutando para manter as portas abertas. Só na minha loja, dez famílias foram afetadas”, desabafa Simone.

Outro comerciante, que preferiu não se identificar, afirma que os lojistas não foram previamente informados sobre a interdição. “Não sabemos quando vão reabrir. O meu patrão não recebeu nenhuma explicação oficial. Ele já reduziu a carga horária e o número de funcionários. Todos estão reclamando, inclusive os passageiros, que agora precisam enfrentar calor e chuva para acessar o terminal”, relata.
A concessionária Teroni, responsável pela administração do Terminal, argumenta que os estabelecimentos possuíam contratos temporários e que há pendências financeiras por parte dos lojistas. Segundo a empresa, os contratos expiraram em dezembro de 2023 e os aluguéis não foram mais pagos desde então, acumulando uma dívida de R$ 513 mil.
Já os comerciantes contestam a alegação e afirmam que a interdição pode ser uma estratégia para removê-los definitivamente do espaço. “Já tivemos disputas judiciais no passado, quando tentaram nos impedir de trabalhar aqui. Agora, parece que estão usando essa obra como pretexto para nos tirar de vez. Temos tudo regularizado: empresa registrada, funcionários com carteira assinada, pagamos aluguel, luz e todas as despesas. Só queremos trabalhar”, ressalta Simone.

A situação foi levada à Câmara dos Vereadores. O vereador Michel Saad (Podemos), presidente da Comissão de Desenvolvimento Econômico, denunciou a interdição como um “grave prejuízo” aos comerciantes. “A prefeitura justifica o fechamento para proteger os pedestres da obra, mas o corredor interditado não tem nenhuma intervenção em andamento. Enquanto isso, as pessoas precisam circular pelo lado de fora, onde há um canteiro de obras, expostas a riscos reais”, criticou.
Em nota, a Secretaria de Mobilidade e Infraestrutura defendeu a medida, alegando que a interdição é necessária para garantir a segurança dos usuários do Terminal. “O fechamento da lateral do Terminal João Goulart ocorreu em razão das melhorias previstas no projeto de revitalização da Avenida Visconde do Rio Branco. A lateral permanecerá fechada enquanto as obras estiverem em andamento”, declarou o órgão.
Enquanto comerciantes, passageiros e autoridades debatem sobre os impactos da interdição, o futuro do acesso ao Terminal segue incerto, deixando trabalhadores apreensivos quanto à continuidade de seus negócios.