Familiares da pequena Lara Adriano Oliveira de Souza, um bebê de apenas um ano e oito meses, registraram um boletim de ocorrência na 72ª DP (Neves) na tarde de quinta-feira (16) em relação a um erro médico ocorrido no Pronto Socorro Infantil de São Gonçalo. Segundo os familiares, a unidade demorou a prestar esclarecimentos sobre a situação.
Tiago Lemos de Souza, pai da criança, relata que ainda tem dificuldades em compreender o ocorrido.
“Não tem nem como entender uma coisa dessa. É um dedo. Imagina para cortar com uma tesoura, sem anestesia. Só devem ter conseguido ver depois que a ponta do dedo já tava caindo. E eles não sabem nem onde está essa pontinha do dedo”, reclamou o pai.
Ele afirma que os profissionais da unidade demoraram a perceber a gravidade da situação e não conseguem encontrar a ponta do dedo amputado. Lara foi levada à unidade na última quarta-feira (13) para tratar uma picada de inseto na testa que acabou inflamando. A equipe prescreveu um antibiótico e soro e realizou um acesso intravenoso na mão direita da menina para a aplicação.
Os enfermeiros enfaixaram a mão da criança para evitar que ela removesse o acesso. Ao tentar remover a atadura, uma técnica de enfermagem acabou cortando parte do dedo mindinho da criança com uma tesoura.A menina foi levada ao centro cirúrgico e voltou com a falange superior do dedo amputada.
“Quando ela me mostrou no raio-x, não achei que tinha sido tanta coisa. Achei que tinha sido algo menor, na metade da unha”, contou a avó de Lara, Adriana Lemos.
A avó contou que a unidade não permitiu que desenfaixassem a mão menina para que ela visse o estado do corte e, que apenas no dia seguinte, na quarta-feira (15), que foi permitido que a família vissem de fato o que havia ocorrido.
“Quando eu cheguei lá, percebi que tinha alguma coisa muito errada, a família toda veio e aí a gente conseguiu que mostrassem o que aconteceu. Pedi para abrir as ataduras. Disseram: ‘Não, não pode abrir, vai infeccionar’. Falei ‘Quero que abra, tá muito estranho’. Aí disseram que não podia tirar foto, que tem uma lei que proibia de tirar foto. Perguntei onde estava o livro da lei deles, porque eu queria ver na lei onde que diz que eles podem amputar o dedo da minha neta”, conta a avó.
Atualmente, a menina permanece internada na unidade, com quadro estável. A família está estudando a possibilidade de transferi-la para outra unidade. De acordo com eles, a menina percebeu a amputação assim que acordou e ficou bastante assustada. “Ela ficou procurando: ‘Dedo, dedo!'”, revelou a avó.

De acordo com relatos de testemunhas, a técnica de enfermagem ficou profundamente abalada com a situação. As médicas que atenderam a criança afirmaram que a profissional ficou muito apavorada quando percebeu o que havia feito, chorando muito.
A técnica de enfermagem, que é concursada no município há mais de 20 anos, pediu perdão à mãe da menina. Uma sindicância foi aberta para apurar detalhes do ocorrido, que também está sendo investigado pela Polícia Civil. A família espera que a investigação esclareça o ocorrido e que a responsabilidade pelo erro seja assumida.

Pais da pequena Lara Adriano Oliveira de Souza.