Amanda Rocha da Silva, uma jovem de apenas 17 anos, teve sua vida interrompida de forma trágica na madrugada do último domingo (30). Grávida de 8 meses, ela e seu bebê, a pequena Eloá, faleceram devido a uma suposta negligência médica no Hospital Estadual Azevedo Lima (Heal), em Niterói.
A família relata que Amanda foi transferida na última quarta-feira (26) do Pronto Socorro de Alcântara, em São Gonçalo, com fortes dores. Chegando ao Heal, ela foi examinada por um médico que alegou que o parto só poderia ser realizado em duas semanas, devido ao tempo de gestação. Enquanto a equipe do hospital tentava adiar o nascimento de Eloá, Amanda foi submetida a vários medicamentos sem alívio para suas dores e desconforto.
O pai da criança e namorado de Amanda, Gabriel Ribeiro Gonçalves da Silva, descreveu o sofrimento da jovem durante sua internação, com taquicardia, febre, dores intensas e vômitos.
“Eles começaram a dar remédio atrás de remédio para ela, e uma hora, parou de fazer efeito. Foi quando ela começou a vomitar, e eles continuaram a ‘implicar’ com esse remédio”, disse o jovem, ainda muito abalado.
Gabriel também relatou que, durante a primeira parada cardiorrespiratória de Amanda, a equipe médica não tinha a máscara adequada para administrar oxigênio, improvisando uma solução com uma luva e um canudinho.
“Na hora que foram colocar o oxigênio, quando ela teve a primeira parada cardíaca, eles não tinham nem a máscara direito, eles improvisaram com uma luva e um canudinho para ela respirar. Como isso? Como que um hospital grande daqueles não tem uma máscara de oxigênio?”.
No domingo, por volta das 3h, diante do agravamento do estado de saúde de Amanda, os médicos decidiram realizar o parto, mas, infelizmente, não tiveram sucesso. Amanda faleceu devido a uma parada cardíaca, e a bebê nasceu sem vida.
“É muito difícil, não entra na minha cabeça, uma garota que tinha sonhos, que queria entrar para a Marinha, num piscar de olhos, Deus leva”, lamentou Gabriel.
A família busca justiça e acredita que Amanda foi vítima de negligência médica, devido à falta de eficácia das medicações e ao tratamento inadequado. O caso foi registrado na 78ª DP, no Fonseca.
Em resposta ao ocorrido, a Fundação Saúde, responsável pela administração do Hospital Azevedo Lima, lamentou o caso e se solidarizou com a família. A instituição se comprometeu a investigar as denúncias e afirmou que Amanda estava sendo monitorada pela equipe médica.
Em nota, a Secretaria Estadual de Saúde (SES) informou que quem administra o Hospital Estadual Azevedo Lima é a Fundação Saúde, que lamentou o caso e disse se solidarizar com a família da jovem. Além disso, a Fundação Saúde se comprometeu a investigar as denúncias, e afirmou:
“A paciente de 17 anos deu entrada no hospital com 3 centímetros de dilatação e o bebê com menos de 30 semanas de gestação. Devido à prematuridade, a equipe médica adotou o protocolo para tentar manter o bebê na barriga e, assim, estimular a maturidade do feto. [Amanda] vinha sendo monitorada pela equipe médica e a família informada sobre todos os procedimentos adotados. Porém, infelizmente, ela começou a apresentar taquicardia. Foram feitas manobras para reanimação cardio-pulmonar, mas a paciente sofreu uma parada cardiorrespiratória”.
O enterro de Amanda foi realizado nesta segunda-feira (31), às 15h30, no Cemitério Parque da Paz, em São Gonçalo.