O Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro (TJRJ) iniciou, nesta quinta-feira (13), o julgamento das influenciadoras digitais Kerollen Cunha e Nancy Gonçalves, mãe e filha, acusadas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) de injúria racial contra duas crianças negras. O caso ganhou grande repercussão após a divulgação de vídeos que mostravam as mulheres oferecendo presentes de teor racista a menores de idade em São Gonçalo.
As imagens, registradas e compartilhadas por elas nas redes sociais no primeiro semestre de 2023, foram utilizadas pelo MPRJ como prova da acusação. Em um dos vídeos, Kerollen entrega uma banana a um menino de 10 anos que vendia balas em frente a um supermercado da cidade. A criança, ao perceber o conteúdo do “presente”, expressa desinteresse e recusa o item. Já no segundo registro, uma menina de 9 anos é abordada pelas influenciadoras no bairro Jardim Catarina. Após escolher entre uma quantia em dinheiro e uma caixa surpresa, ela encontra dentro do pacote um macaco de pelúcia. Diferente do primeiro caso, a menina parece gostar do brinquedo e agradece.
A publicação dos vídeos causou indignação e revolta entre os internautas, resultando na denúncia formal ao MPRJ. Para o órgão, a conduta das influenciadoras reforça estereótipos racistas ao associar pessoas negras a macacos, além de evidenciar um tom de deboche e desrespeito às vítimas. Como punição, a Promotoria pede a condenação das acusadas e o pagamento de uma indenização de R$ 20 mil a cada criança como reparação pelos danos morais sofridos.
A audiência de instrução e julgamento ocorreu nesta quinta-feira (13), às 13h40, na Vara Criminal da Comarca de São Gonçalo, localizada no bairro Colubandê. O caso segue sendo acompanhado de perto por entidades de direitos humanos e pela sociedade civil.